sexta-feira, 4 de junho de 2010

Já volto!

Sinta isso como um tiro.
Estou ouvindo heavy metal. Bem alto, até doer os ouvidos, até ficar surda.
E leia isso como se eu estivesse gritando com uma música bem alta ao fundo. Uma música super alta ao fundo.
Eu. Eu odeio covardia! Eu odeio esperar! Eu não sei esperar!
Está me ouvindo?
Eu disse que odeio covardia, odeio esperar e não sei esperar!
E outra coisa. Quem espera por um covarde é covarde tambem! Entendeu?
Eu disse que quem espera por um covarde é covarde tambem!
Já chega agora!
Chega! Estou cansada de entender!
Eu vou buscar uma bebida! Depois eu volto!
Me espera aqui!
Já volto!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A totalidade de Bendita.

As suas impossibilidades só dizem respeito ao seu horário de bater o cartão de ponto.
Isso não me abala, não me comove.
Se te disse " olá " milhões de vezes na mesma semana foi porque eu quiz. Se fiquei molhada em plena tarde de domingo ouvindo o Campeonato Carioca do quarto, foi por livre e espontânea natureza.
Seu eu imaginei com precisão cinematógráfica todas as lambidas que darias em minhas cochas, foi por minha totalidade feminina.
Sou mulher o suficiente. Que coisa mais tosca dizer " sou mulher o suficiente ", mas ainda assim eu digo: sou mulher o suficiente para não ficar feliz com uma quase gozada, com um quase homem, com um quase rapaz, com um quase bandido, com o quase moderno.
Eu não seria hipócrita te dizendo que me basto. Não. Eu não me basto. Porém e muito porém, eu sei o valor do não e mais ainda o valor do " não quero mais ".
Tenha um feliz natal!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Meias.

O vinho de ontem nada bem me fez.
Ah! Que vazio em mim. A menina vestiu-se de meias pretas, elouqueceu, toda feliz, ela abraçou o mundo que pode encontrar naquela esquina.
Batida contra o muro daquela rua, que antes ela jamais cruzaria, ela jemeu. Arregalou os olhos e sem resposta algum, ela foi beijada. Boca quente. Mãos cruéis. Sem piedade alguma de seu vestido. Vasculhou-o todo. Inteiro.
Ela está feliz!
Sorriso tímido, quase grato, no canto da boca.
Ela foi habitada finalmente.
Ah! Que coisa satisfatória.
Beijada ela segue bem aliviada.
Leve agora.
Bem mais leve.
A menina e as meias.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Os risos dela.


Ah! Meu Deus!
Será que eu tinha me esquecido como é bom rir de nada, rir de tudo?
Nada como o doce veneno do escorpião.
O ascendente de Bendita fala mais alto hoje.
Seu veneno é capaz de embebedar a menina que vive aqui dentro, vestida de salmão, sem sentido, fria, inútil e babaca.
Bendita é revoltada, não é?
Ah! Pois bem!
Bendita é a revoltadinha então.
Bendita não se importa com trages urbanos. Com sugeiras humanas. Com a toxicidade de seu veneno.
Bendita destila e sorri pra voce no final.
Bendita sorri no final.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Está resolvido.

Pronto.
Neste exato momento Bendita acaba de chegar a uma belíssima conclusão.
Vai sair do silêncio.
De tanto pensar que ouvir dói, Bendita pensa que ela tambem pode fazer doer algo em alguém.
Já que os cruéis não são esquecidos. Bendita tambem não será.
Vai dizer tudo.
Vai gritar alto.
Vai chorar menos.
Vai pagar barato pela companhia alheia.
Vai se virar sozinha.
Vai se vingar quando sentir vontade. E isso sem nenhuma culpa, é claro!
Bendita tambem vai beber tequila. Tambem vai vomitar no sapato caro de alguma garota vazia.
Bendita vai cortar as bainhas das saias.
Bandita vai embora de casa.
Bendita vai ser passarinho.
Bendita vai ser passarinho no seu próprio ninho.

domingo, 21 de março de 2010

Flores, fitilhos e serpentina

Há quatro anos atrás ela tinha quinze anos, provavelmente era virgem. Coitada.
Do sangue que lhe descera entre as pernas, ela só conhecia um, o que lhe descera aos onze anos, quase doze.
Vistidinha de renda chá, fitilhos coloridos nos braços, livros contraídos ao peito e saia de prega feita por vovó. Era assim que ela, atendendo pelo psêudonimo de D., contava sonhos nas pontas dos dedos finos, que enrolava seus cabelos em cachos, canudos compridos que iam do couro à cintura.
Sonhava com seu diploma de professorinha, um pedaço de papel emoldurado que nada quer dizer, que de nada servirá um dia se ela não tiver como certificado de conclusão a própria mochila.
Ouvindo pop no fone de ouvido, lá se vai a coitada, a incompleta, a moça letrada que jamais se despiu, que jamais se feriu com os próprios dedos, que jamais se pintou de vermelho, que jamais sentiu o gosto de um membro feito de nervos e pele rosada.
Que inferno constante é o seu estômago, quantas âncias ela sente, quantas dores de cabeça ela sente. E tudo isso por falta de si mesma, coitada.